Quais são as duas realidades da pecuária brasileira?

No 1º de 7 blocos do Giro do Boi especial de lançamento do Benchmarking 2018-19, consultor diz que pecuária está dividida duas “bem distintas” realidades

Na noite desta segunda, 21, o Giro do Boi levou ao ar edição extra do programa, ao vivo, para apresentar com exclusividade o lançamento do Benchmarking 2018-2019, um estudo realizado pelo instituto Inttegra, especializado em assessoria de propriedades rurais a partir de métricas gerenciais.

O estudo, que está em sua sétima edição, é feito desde 2012, reunindo números de propriedades incluídas em realidades diversas de produção por todo o Brasil e América Latina para que se possa comparar desempenhos e encontrar referências. “Benchmarking é isto: busca pela referência, o que indica que eu estou indo bem ou mal”, esclareceu o zootecnista, mestre em produção animal e diretor do instituto, Antônio Chaker.

Nesta última safra, entre 1º de julho de 2018 e 30 de junho de 2019, profissionais especialistas em gestão de propriedades rurais analisaram dados de 378 fazendas em 12 estados do Brasil, além de Paraguai e Bolívia, propriedades que contam com 5.251 colaboradores, reúnem um rebanho de 1,64 milhão de animais distribuídos em uma área de 1,35 milhão de hectares de pastagem e faturam, em conjunto, R$ 1,76 bilhão.

Terminando a análise dos números – lembrando que cada fazenda pode ter até 350 indicadores -, Chaker e sua equipe destacaram de que existem duas realidade de pecuária no Brasil – e elas são “completamente distintas”, revelou o consultor. “Enquanto a média perde dinheiro na atividade pecuária no Brasil, os top 30 ganham 1,34% ao mês, então a gente verifica a média muito ruim e os top realmente indo muito bem, com uma entrega de resultado dificílima de encontrar hoje em outro negócio fora da atividade pecuária”, afirmou.

Segundo Chaker, estes 30% ganham, em média, R$ 438 por hectare, mas o topo da pirâmide fatura ainda mais. Além de 37% destas 378 fazendas que tiveram prejuízo, 31% delas lucraram até R$ 200/ha, outras 17% obtiveram lucro de R$ 200 a R$ 400, 9% ficaram entre R$ 400 e R$ 600 e 6% tiveram lucro acima de R$ 600.

E, segundo Chaker, estas fazendas não têm privilégios em comum, como chuva ou solo fértil. Refletindo sobre isso, o zootecnista disse que chegou a quatro conclusões:

1 – Quem ganha dinheiro não é a fazenda, é o fazendeiro. Ou seja, o bom gestor lucra onde quer que esteja em condições de solo, clima, etc.
2 – Produzir muito nem sempre garante o resultado. Mas quem mais ganha produz mais;
3 – O foco deve ser na margem. “Mais importante do que quanto eu produzo é o quanto me sobra”, explicou.
4 – Esta margem é consequência de quatro variáveis “para o pecuarista pensar de manhã, à tarde e à noite”, segundo o consultor. Por ordem do menos para o mais relevante nesta equação de formação da margem: valor de venda, índices zootécnicos; GMD; e desembolso por cabeça ao mês. “Tem que gastar certo, gastar bem para produzir arroba barata”, disse.

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No primeiro bloco do lançamento do Benchmarking 2018-19 foi exibido ainda vídeo de um convite do pecuarista João Goulart, da Fazenda Nelore – Gou Agropecuária, de Porto Estrela-MT, fazendo um convite para que outros pecuaristas estejam inseridos na era da gestão por números.

Veja o primeiro de sete bloco do Giro do Boi – especial lançamento Benchmarking 2018-19.

Benchmarking Inttegra 2018-2019: veja apresentação completa dos números