Qual limite de uso do caroço de algodão na dieta do gado? Ele altera sabor da carne?

Zootecnista esclareceu que há limite para uso do produto na dieta de bovinos em terminação e revelou o resultado de estudos que buscaram influência no sabor da carne

No programa desta segunda, 14, mais uma dúvida de telespectador foi respondida por especialista consultada pelo Giro do Boi. A zootecnista e gerente de pesquisa e desenvolvimento da Trouw Nutrition Josiane Lage atendeu o pecuarista João Carlos, de Mogi Mirim, interior de SP.

“O produtor quer saber quanto ele pode incluir na dieta dos animais e também se esse caroço de algodão tem alguma relação com o sabor da carne desses animais”, enunciou Lage.

“(O caroço de algodão) é utilizado em dietas de terminação hoje no nosso país porque ele é um subproduto rico em nutrientes. Ele tem ao redor de 23% de proteína bruta, ao redor de 20% de extrato etéreo, que é a gordura, os lipídios neste ingrediente, e também ao redor de 40% de FDN, que é a fibra. Então por ser rico em nutrientes, ele pode, sim, substituir alguns ingredientes da dieta do meu animal em terminação”, revelou.

A zootecnista elucidou a quantidade máxima indicada da inclusão do subproduto na dieta de terminação de gado de corte. “Pesquisas científicas foram feitas em universidades brasileiras reportando que o uso de caroço de algodão na dieta de animais em terminação com alto concentrado deve ser feita em até 15% na matéria seca da dieta – e isso representa ao redor de 1,7 a 1,8 kg de caroço de algodão por dia por cabeça no seu confinamento. Acima deste limite de 15%, começa a ter alguns prejuízos em consumo e também em desempenho”, alertou.

Lage também comentou a influência do subproduto no sabor da carne. “Com relação à outra dúvida, que é sobre o sabor da carne, algumas pessoas comentam sobre isso no mercado porque o caroço de algodão tem um composto polifenólico que se chama gossipol. Esse gossipol, por algum tempo, for acreditado que impactava de forma negativa no sabor e a palatabilidade da carne dos animais. Devido a isso, algumas universidades brasileiras, juntamente com pesquisadores, realizaram estudo científico para tentar comprovar se isso realmente estava acontecendo quando a gente incluía caroço de algodão na dieta de bovinos em terminação. Então trabalhos foram feitos sem inclusão de caroço de algodão e também comparando dietas com 8, 10, 15, 20 até 25% de caroço de algodão na matéria seca da dieta, coletaram a carne desses animais ao final do tempo de confinamento, maturaram esta carne, que é importante para a gente ver se durante este tempo de vida de prateleira esta carne pode sofrer alguma oxidação, alguma rancificação e adulterar realmente a palatabilidade. Depois dos 14 dias (de maturação), coletaram estas carnes e colocaram em paineis treinados e também fizeram medida objetivas para avaliar”, detalhou.

“Evidências científicas não comprovaram que animais tratados com níveis de caroço de algodão na dieta podem produzir uma carne com uma palatabilidade ou um sabor pior que chega ao consumidor final. É importante a gente destacar que a gente deve incluir até 15% na matéria seca da dieta para não ter prejuízo com consumo e desempenho e que até hoje as pesquisas não conseguiram mostrar que o caroço de algodão realmente influencia no sabor da carne. Esta é uma comunicação que é feita hoje no mercado, mas que ainda não foi comprovada cientificamente que o caroço afeta negativa a palatabilidade da carne”, ponderou.

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Qual é a sua dúvida sobre nutrição de gado de corte? Envie sua pergunta para o link do Whatsapp do Giro do Boi, pelo número (11) 9 5637 6922 ou ainda pelo e-mail [email protected].

Veja a resposta completa de Josiane Lage no vídeo abaixo: