Qual o volume máximo de caroço de algodão devo usar no confinamento?

Ingrediente pode alterar sabor da carne dependendo da proporção de seu uso na ração do gado em cocho

Nesta segunda, 27, o Giro do Boi respondeu a dúvida do pecuarista José de Anchieta Filho, de São Gonçalo-BA, sobre dieta para gado de corte em confinamento. O produtor revelou que está utilizando capim elefante Cameroon, torta e caroço de algodão, levedo de cerveja e núcleo mineral nos animais e gostaria de receber uma avaliação de seu manejo nutricional.

Segundo o zootecnista e consultor em nutrição animal João Paulo Bastos, não há “receita de bolo” para o sucesso quando o assunto é nutrição em confinamento, com ingredientes mais vantajosos variando conforme os objetivos do produtor e a região em que ele está. Entre suas considerações, o especialista recomendou cautela com o uso do caroço de algodão. “Tem estudos comprovando que o caroço em excesso dá sabor na carne, o que é indesejável para o consumidor final. Se trabalhar com até 15% de inclusão na matéria seca, ele não vai ter problema. Mais do que isso, pode começar a ter problema”, indicou.

Existe “receita de bolo” para ganhar dinheiro com confinamento de gado de corte?

O zootecnista destacou em sua participação o trabalho desenvolvido junto aos boiteis dos Confinamentos JBS. “Independente do tamanho da boiada e da unidade, a gente segue um protocolo padrão para todos os clientes e todas as unidades. Então o animal chega, passa por uma apartação por peso, dependendo do volume, ele pode passar por apartação racial, mas a gente busca prevalecer o peso para que o consumo, o manejo do lote seja o mais padrão e homogêneo possível. Esses animais recebem um protocolo sanitário bem caprichado, um acaricida, vermífugos, vacinas respiratórias, vacinas contra botulismo e Clostridium. Eles são pesados, chipados, brincados e, aí sim, vão para a baia de destino onde só serão manejados novamente na saída para o frigorífico. A gente preza muito deixar os animais calmos e trabalhar com eles duas vezes, na entrada e na saída”, detalhou.

Em relação à dieta, o consultor informou que, independente dos insumos escolhidos, é imprescindível planejar a compra para evitar variações durante o ciclo de engorda. “A gente foca muito em trabalhar com um produto ao longo do ano, então a gente preza comprar bem e comprar com volume para não ter oscilação de insumos nas dietas. E só trabalhar com produto bom. Então é silagem de milho ou uma silagem de cana, farelo de soja, grão de milho seco e grão de milho úmido – que a gente tem buscado trabalhar muito para aumentar a quantidade energética da dieta -, gordura protegida, um núcleo mineral de boa qualidade, ureia protegida e aí a gente fecha, às vezes, com uma torta, um caroço (de algodão), dependendo do nível de inclusão, mas praticamente são esses produtos a base de todas as dietas de todos os confinamentos”, informou.

Os animais ficam em média 107 dias em cocho para serem terminados, um período que o produtor pode usufruir do fato de não precisar se descapitalizar até que os animais sejam abatidos e ele reforce o seu fluxo de caixa. Uma das maneiras de aproveitar esta vantagem, segundo o consultor, é focar na oportunidades para a reposição. “Essa pra mim é uma das principais vantagens. Eu analiso com o pecuarista o negócio e o fluxo de caixa hoje pra você engordar dentro de casa é muito pesado. Lá no confinamento, não. Seu fluxo é positivo, você não tem desembolso, o desembolso é no desconto no momento do abate, então esse dinheiro que você estaria hoje comprando insumo para alimentar, pagando funcionários, você pode usar para repor esse animal e preparando seu próximo giro”, exemplificou.

A recomendação foi confirmada pelo gerente da unidade de Castilho-SP do Confinamento JBS, o médico veterinário Luciano Júnior. “Nessa época, você tira boiada de 350 a 400 kg e coloca dois bezerros e meio, três bezerros no lugar. Na hora em que você está abatendo o boi (engordado no boitel), já tem garrotinho engordando no pasto”, ilustrou.

Os detalhes sobre modalidades de negócio (diária, arroba produzida, ração por kg e parceria) podem ser consultados pelo e-mail [email protected]. As unidades da companhia estão distribuídas em Terenos e Rio Brilhante-MS; Guaiçara e Castilho-SP; Campo Florido-MG; e Lucas do Rio Verde, Nova Canaã do Norte e Confresa-MT.

Veja as entrevistas completas pelo vídeo abaixo: