Quanto custa para o pecuarista um pasto mal manejado?

Considerar apenas tempo de pastejo para iniciar o rodízio é prática ultrapassada e pode levar a prejuízo, segundo pesquisador da Embrapa

O componente que torna a pecuária brasileira uma das mais competitivas de todo o mundo, o pasto, pode se tornar o vilão de uma fazenda de gado de corte caso o produtor não saiba utilizar bem a ferramenta na engorda do rebanho. Por isso a Embrapa, sobretudo em sua unidade Gado de Corte, dedica inúmeras pesquisas ao tema. O assunto foi destaque de uma das reportagens da série especial Embrapa em Ação.

O zootecnista e pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Haroldo Queiroz, explicou uma das práticas ultrapassadas no manejo de pastagem é contar os dias em que o gado permaneceu no piquete. “Há dez anos era prática você orientar como critério de manejo dias, dias de descanso, dias de pastejo, para cada um dos capins. Porém, estes capins, tendo mais sol, mais chuva, mais fertilizantes no solo, eles vão crescer mais ou menos, atingindo uma determinada altura, um ponto ótimo de pastejo, com mais ou menos dias de descanso”, explicou Queiroz.

“Nesses últimos 30 anos, a Embrapa Gado de Corte gerou muita informação para o manejo de cada um dos 12 capins que ela lançou. São seis coloniões, seis braquiárias, e cada um deles tem um jeito correto de manejar. E, além disso, nós estamos trazendo esta régua de manejo para esta mudança de paradigma no manejo das pastagens”, afirmou.

A régua indica faixas ideias de alturas e entrada e saído do gado da área de pastagem e também considera o sistema utilizado pelo produtor – contínuo ou rotacionado, o que influencia nestes pontos ótimos. “Além disso, ela permite aumento na lucratividade da pastagem e da produção de carne nessa área se você atender as alturas e as faixas corretas de utilização”, completou.

O zootecnista disse que pode doer bastante no bolso do pecuarista perder estes pontos ótimos de entrada e saída do pastejo e usou o exemplo de uma das cultivares lançadas pela própria Embrapa. “Quando você maneja o Xaraés baixo demais, você obriga o gado a comer somente talo, com pouca quantidade de folha. Acontecem duas coisas. Primeiro, comendo mais talo, o animal vai ganhar menos peso, vai produzir menos carne por hectare por dia. Mesmo que você aumente a taxa de lotação para provocar este rebaixamento do pasto, esses animais vão ganhar menos peso e quando você multiplicar esse peso menor por esta lotação maior, vai dar uma produção de arrobas bem menor por hectare. Além disso, com este ganho individual menor, o tempo que leva para o animal engordar e atingir o abate é muito maior, chega a ser, num Xaraés super pastejado, comparado com o manejado corretamente, oito meses a mais”, estimou Queiroz.

O pesquisador acrescentou que pesquisar apontaram que, com o super pastejo desta mesma variedade, o Xarés, o prejuízo do pecuarista pode chegar a R$ 1.600,00 por hectare.

Veja a entrevista completa com Haroldo Queiroz pelo vídeo abaixo: