Roçadas ou herbicidas: qual o jeito certo de controlar plantas daninhas?

Embora a pergunta pareça simples, a maior parte dos produtores ainda sofre com a degradação de suas áreas, perdendo as forrageiras para as ervas indesejáveis

Como eliminar corretamente as plantas daninhas? Embora a pergunta pareça simples, já que manejo de pasto é um assunto que interessa a 100% dos pecuaristas brasileiros, a maior parte dos produtores ainda sofre com a degradação de suas áreas, perdendo as forrageiras para as ervas indesejáveis. Em episódio do quadro Pastagem de A a Z, o engenheiro agrônomo, pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP e consultor do Circuito da Pecuária, Wagner Pires, respondeu à dúvida.

Sendo uma competidora tão forte das pastagens por se adaptarem com muito mais facilidade ao ambiente, afinal são nativas, não é raro observar que ao mesmo tempo que o capim está morrendo as plantas daninhas estão vigorosas. “As plantas daninhas são muito mais agressivas do que você pode imaginar, elas competem por espaço porque vão tomando conta, vão se disseminando e vão roubando este espaço da pastagem”, introduziu o assunto o engenheiro agrônomo. Em resumo, o pecuarista tem que reduzir a taxa de lotação e acaba perdendo dinheiro, acrescentou o consultor.

E as roçadas resolvem o problema? Segundo Pires, são diversos os pontos fracos do uso das roçadas para controlar as planta daninha. Primeiro porque o mesmo manejo que corta a erva daninha também corta a forrageira, desperdiçando matéria verde.

Com a planta indesejável já desbastada, a massa que se acumula na superfície atrai microorganismos para fazerem a sua decomposição, enfraquecendo a fertilidade do solo por sugarem o nitrogênio que está lá depositado, explicou Pires.

As plantas também tendem a rebrotar rapidamente após as roçadas e, muitas vezes, voltam ainda mais forte. “É um controle temporário, serve para determinada época, depois voltam. Existem algumas plantas que, se você roçar periodicamente, quanto mais roçar vai ‘engrossando’ embaixo da terra”, o que acaba dificultando sua eliminação definitiva.

Segundo o agrônomo, o ideal é que o pecuarista faça uso do herbicida, que tem moléculas seletivas, ou seja, atacam somente as plantas que infestam as áreas de gramíneas. Mas o consultor alertou que o produtor não acredite em milagres: de maneira geral, produtos que prometem matar rapidamente as plantas daninhas não cumprem esta tarefa e, em até dois anos depois, ela volta a se desenvolver.

Wagner explicou que quando mais lenta foi a morte da planta daninha, mais eficiente é o herbicida. “Demora pra isso acontecer (defensivo ser absorvido pela planta até sua raiz). Quanto mais lenta for a morte, melhor. É ideal que a planta vá secando, secando lentamente e aí você vai ter um bom resultado”, indicou.

A partir destas dicas, o produtor já pode pedir recomendação de um técnico sobre qual o tipo de herbicida mais adequado (de aplicação foliar, basal ou no toco) para controlar as plantas daninhas que infestam a sua propriedade especificamente, pois elas podem variar de região para região, de fazenda para fazenda.

O período mais recomendado para que se faça a aplicação do defensivo é justamente o das águas, quando as plantas daninhas estão no auge do seu desenvolvimento, o que significa que o herbicida será metabolizado, ou seja, será transportado para toda a planta e poderá eliminá-la de vez.

Outro ponto importante para o pecuarista saber antes de começar a controlar as plantas daninhas é que, tal qual a intensificação do manejo de pasto, fertilizando solos e aumentando lotação, a limpeza não precisa, nem deve, ser feita em área total. “Não precisa fazer tudo de uma vez, a fazenda toda de uma vez. Pode ir fazendo por etapas. Não se iluda achando que você vai controlar (as plantas daninhas) na sua pastagem toda de uma vez. Você vai aplicar esse ano, controlar em torno de 70%, vai vir alguma coisa de rebrota, você faz mais uma catação, depois outro ano mais outra catação e aí, praticamente, sua fazenda vai ficar limpa”, repassou o agrônomo.

Tarefa concluída? Quase, mas ainda não, conforme continuou Pires. “Mas você deve continuar fazendo o manejo, fazer adubação, porque aí sim vai dar força para uma boa pastagem”, completou.

Pires disse que produtores que têm dúvidas quanto ao equipamento ideal para fazer as aplicações podem acionar as distribuidoras, as casas agropecuárias, que inclusive podem emprestar o implemento e calibrar para o melhor aproveitamento do herbicida.

Confira no vídeo abaixo as considerações de Wagner Pires sobre controle de plantas daninhas na íntegra: