Uso de mineral orgânico pode reduzir em até 60% a diarreia nos bezerros

Ocorrência de diarreia em bezerros cujas mães foram suplementadas com selênio inorgânico foi de 15% contra 6% no filhos de vacas suplementadas com selênio orgânico

Nesta quinta, 21, o zootecnista formado pela Unesp e especialista em nutrição e pastagens pela Esalq Carlos Zilioti, gerente de vendas da Alltech para gado de corte, falou sobre os benefícios do selênio orgânico para o rebanho. Em experimentos conduzidos pela companhia, pôde-se observar que quando o mineral foi fornecido para as vacas a partir de dois meses antes do parto, houve redução de 60% do ocorrências de diarreia nos bezerros.

“A gente pegou as vacas que estavam prenhes já no terço final de gestação, suplementado com selênio na mesma dose na fonte inorgânica, que é o selenito de sódio, e na fonte orgânica que é o Sel-Plex. Por 60 dias antes do parto, a gente colocou essa suplementação de selênio via suplementação mineral e foi até 60 dias após o nascimento do bezerro, então pegou período de colostro, de pico de lactação desse bezerro, e foram medidos dados de selênio no plasma, coleta de sangue, de colostro e de outros indicadores de performance. […] Por mais que a mesma quantidade tivesse sido fornecida por dia, as vacs que receberam selênio orgânico tinha maiores níveis de selênio plasmático, produziram colostro com maior quantidade de selênio e no leite também tinha muito mais selênio do que no grupo controle. Quer dizer que esse selênio foi melhor absorvido e utilizado pelo animal”, apresentou o estudo o zootecnista.

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“Mas e aí, como que eu transformo isso em dinheiro? A gente observou, na bezerrada que nasceu nesse período que eles receberam indiretamente pela vaca 60 dias antes de nascer e depois via colostro, uma redução drástica em incidência de diarreia. Nos quinze dias ali de nascimento o grupo controle teve 15% de incidência de diarreia e o grupo que recebeu o selênio orgânico teve apenas 6%”, completou o especialista.

Zilioti explicou em sua participação a diferença entre o mineral de fonte inorgânica e o de fonte orgânica. “Qual é a fonte do mineral orgânico? São os vegetais, as plantas que buscam esse mineral, que é uma rocha. […] A planta tem a capacidade de fazer esse mineral ficar orgânico, que quer dizer que é mais disponível para o animal. […] É um processo em que a Alltech insere alguns aminoácidos e peptídeos e proteínas em volta desse mineral para que ele seja absorvido melhor pelo metabolismo animal”, detalhou.

Zilioti explicou que a melhor absorção do mineral pelo animal reforça sua imunidade e melhora seu desempenho. “Não só o selênio, mas outras fontes de minerais têm interferência na imunidade. Se for um problema de patógeno, alguma coisa assim, como a gente estimula a imunidade do animal, ele vai ser, por exemplo, um bezerro que nasce mais forte. […] Tem bastante gente no mundo inteiro estudando essa correlação da interferência da nutrição da mãe na formação do bezerro que está ali dentro do útero. É um bezerro mais bem desenvolvido, com sistema imune melhor, ele vai se defender melhor diante dos desafios depois do nascimento. […] Você melhorando a nutrição da vaca, vai colher isso na desmama, na recria e até no gancho lá no frigorífico, que é um animal que vai ter mu

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Zilioti explicou que a maior partes dos minerais comercializados no Brasil contém o selênio, mas que é importante que o produtor que busca tais benefícios se certifique da fonte do mineral – inorgânico ou orgânico – para tomar sua decisão.

“A gente recomenda, pensando em reprodução, pensando em melhorar alguns índices reprodutivos, que é uma das funções do selênio orgânico, pelo menos 60 dias antes do início da estação de monta começar o fornecimento do mineral orgânico porque demora para o corpo do animal absorver e entrar no metabolismo. Um dos pontos importantes é que eu tenho vários clientes que começaram a usar estrategicamente na estação de monta pensando numa fase mais crítica ali da reprodução e que hoje já utilizam fontes orgânicas de minerais durante o ano todo porque é como a gente compara: a vaca é um animal que a gente não está fazendo um tiro curto com ela, não são 100 metros rasos, é uma maratona. A vaca vai ficar cinco, seis, sete anos na fazenda e se a gente vai fazer esse trabalho de melhor suplementação, com minerais de maior absorção, que têm impacto em saúde e reprodução, eu vou colher isso aí durante toda a vida produtiva dela. Então tem vários clientes que usam pontualmente na estação de monta, mas tem outros que conseguiram ver a diferença e utilizam praticamente o ano todo pensando num benefício cumulativo”, concluiu.

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O especialista deixou seu e-mail à disposição para mais dúvidas sobre o uso de minerais orgânicos na dieta do gado de corte, que podem ser endereçadas ao [email protected].

Veja no vídeo abaixo a entrevista completa com Carlos Zilioti: