Vacinas, vermifugação e tratamento de feridas: como cuidar da sanidade dos cavalos de lida?

Veterinário alertou para as feridas com pus na cernelha, que podem indicar brucelose; veja quais os cuidados recomendados para manter a saúde dos equinos

Nesta terça, 16, o Giro do Boi levou ao ar entrevista do médico veterinário Mário Duarte, consultor especialista em equinos, concedida ao repórter Marco Ribeiro. Em pauta esteve os cuidados com a sanidade dos cavalos de lidas, passando pelas vacinas mais comuns, a periodicidade das aplicações, vermifugação e tratamento de feridas. Confira os principais trechos abaixo:

VACINAS

– Raiva: “Em algumas regiões do Brasil, a Casa da Agricultura recomenda a vacinação contra a raiva. São duas vacinações anuais, uma em maio e outra em novembro”, resumiu. No interior de São Paulo, por exemplo, onda a raiva dos herbívoros é endêmica, recomenda-se realizar a vacinação.

Tríplice: “Numa propriedade convencional, nós temos que recomendar uma vacina que protege contra três doenças, que seriam encefalomielite equina, tétano e influenza, também conhecida como gripe. Esta é a recomendação básica”, disse o veterinário. Esta vacina deve ocorrer uma vez ao ano.

Herpes virus equino: “se você faz cria, o ideal seria vacinação pra prevenir o aborto a vírus. Existem propriedades onde o aborto é endêmico, ele acontece numa porcentagem alta do rebanho. Se for o caso, a prevenção é feita através de vacina pra herpes vírus equino e aplicadas em três doses: no quinto, no sétimo e no nono mês da gestação, lembrando que a égua tem onze meses de gestação”, reforçou o consultor.

Calendário para os potrinhos: os potros também devem receber a tríplice a partir do quarto mês de vida. Depois de duas a três semanas, repete-se a dose da mesma vacina e depois já podem entrar no calendário de vacinação anual do resto da tropa.

FERIDAS

“O conselho mais útil seria manter essa ferida limpa. O cavalo tem capacidade enorme de cicatrização, então ao mesmo tempo em que ele se machuca muito, quando cicatriza também é muito rápido. E pra que esta cicatrização aconteça de maneira adequada, o ideal é que se mantenha a ferida limpa”, recomendou o veterinário. Veja as demais indicações de Mário Duarte para cuidar de feridas:

– Fazer a limpeza com água e sabão;
– Cortar os pêlos da borda ferida com um aparelho de fazer barba, pois os pêlos irritam e atrasam a cicatrização;
– Evitar sprays ou bisnagas, que apesar de práticos, irritam a lesão. Em vez deles, usar pós, ou talcos, que têm repelente, mas são secos e não irritam a ferida;
– Em cortes profundos, aplicar açúcar cristal, que vai manter limpa a ferida, apesar de secretar um pouco mais que o normal. Duarte explica que o mecanismo de ação do açúcar é “sugar água”, fazendo com que a bactéria não consiga sobreviver no meio (manejo recomendado para úlceras ou pisaduras de difícil cicatrização).

BRUCELOSE

Mário Duarte advertiu para as feridas na cernelha do animal. O que aparentemente é uma simples pisadura pode ser, na verdade, brucelose, uma doença transmissível ao ser humano e que também pode infectar outros animais do rebanho da fazenda. “Quando você vê escorrendo pus na cernelha, vamos ficar em dúvida: é uma pisadura que virou abscesso ou abscesso por brucelose? O melhor a fazer é chamar o veterinário e examinar para ter certeza. É uma zoonose e é uma doença profissional, ou seja, é muito fácil acometer o profissional que trabalha diretamente. Então para o peão, o campeiro, tome cuidado”, alertou.

VERMIFUGAÇÃO

Deve ser feita a cada três meses, segundo o médico veterinário. “E você deve evitar os injetáveis. Muitas vezes o nosso amigo pode esquecer de trocar a agulha, usa uma agulha suja e isso pode causar abscesso no cavalo parceiro dele. Então o melhor é evitar os injetáveis porque hoje os vermífugos orais são bons e baratos”, concluiu.

Veja as dicas completas no vídeo abaixo: