Você não sabia, mas seus bisavós já praticavam a agricultura de precisão

“É um conceito antigo, quando os bisavós dos atuais agricultores, talvez em áreas menores de plantação, cuidavam planta a planta”, disse pesquisador da Embrapa

Em entrevista para a série especial Embrapa em Ação, desta vez gravada na sede da Embrapa Solos no Rio de Janeiro-RJ, o pesquisador Ronaldo Oliveira, engenheiro eletrônico com mestrado em geoinformação para aplicações rurais e doutorado em agricultura de precisão, traduziu o conceito da agricultura de precisão.

“Na verdade, não há uma salvação da lavoura. A gente pode entender melhor a agricultura de precisão em termos bem simples. Como o cuidado. O cuidado com a terra, o cuidado com a cultura. É um conceito antigo, quando os avós, os bisavós dos atuais agricultores, talvez em áreas menores de plantação, cuidavam planta a planta. ‘Esta plantinha está precisando de mais água, aquela ali de menos água, esta aqui mais nutrientes porque esta aqui fica em uma área mais alta do terreno, esta em uma área mais arenosa’. Então as diferenças dentro da propriedade precisam ser tratadas”, disse o pesquisador da Embrapa Solos.

O que muda da agricultura de precisão praticada há séculos para a atual é que hoje é possível ampliar a área de atuação por meio de tecnologias. “A agricultura de precisão é esta mesma agricultura de séculos atrás, sendo que a tecnologia, a informática, os sensores trazem a forma de você ampliar, massificar esta informação. E aí vem a parte mais importante: não é um sensor, não é uma adubação ou só irrigação, ou só a praga. É a visão integrada”, acrescentou.

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Ronaldo disse que a relevância econômica do agro no Brasil fez com que as empresas voltassem suas atenções para a evolução da produção agropecuária, e foi então que soluções para o Agro 4.0 começaram a ser disseminadas.

O engenheiro eletrônico mostrou exemplo de um dos equipamentos usados no Agro 4.0, um sensor de campo eletromagnético que dispensa a necessidade de abrir trincheiras para checar a condutividade elétrica do solo e sua suscetibilidade magnética. Por meio do cruzamento de dados deste sensor com a análise de solo, é possível extrapolar a informação para checar com extrema precisão os atributos daquele talhão de terra.

O que isto significa para o produtor? Redução de custo com a otimização da aplicação de insumos, uma vez que grande parte do custo de produção vem daí, conforme respondeu Ronaldo.

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Embora boa parte destes equipamentos ainda sejam caros, as tecnologias vão se tornando cada vez mais acessíveis conforme vão se popularizando. “Quem quiser ser competitivo tem que entrar nesta onda”, indicou o pesquisador da Embrapa Solos. Mas ponderou que o produtor não pode encarar a entrada no Agro 4.0 “de peito aberto”, afinal cada propriedade é um caso diferente de necessidade de uso de tecnologias.

Veja a entrevista completa no vídeo abaixo:

 

Mais informações sobre o assunto podem ser consultadas diretamente com o pesquisador pelo e-mail [email protected].

Foto: Felipe Santos da Rosa / Reprodução Embrapa