Você sabe como receber o gado no confinamento após o desembarque?

Aclimatar os animais ao novo ambiente pode ser decisivo no desempenho dos lotes durante a engorda intensiva; veja as dicas do especialista

Qual é o melhor jeito de receber uma boiada no confinamento? Descer os lotes do caminhão e passar os animais pelo curral para a aplicação do protocolo sanitário pode significar o desperdício dos investimentos nos produtos veterinários, da mão de obra e de tempo. Pode também significar um rejeito de cocho.

Nesta segunda, dia 11, o engenheiro agrônomo Antony Luenenberg, coordenador técnico de bem-estar da MSD Saúde Animal, listou técnicas de aclimatação que são ensinadas no programa global da empresa chamado Criando Conexões, serviços lançado em 2015 no Brasil para qualificar as fazendas parceiras. Dentro do programa, até então já foram capacitados cerca de 6.000 vaqueiros, responsáveis por manejar um rebanho somado de mais de 4,5 milhões de cabeças.

“O pecuarista tem que se atentar muito a estes detalhes. Não é pegar o animal, transportar, e colocar no confinamento que ele vai se alimentar corretamente, que vai melhorar os processos. Esses fatores realmente implicam no desempenho dos animais”, advertiu Antony.

“Um exemplo disto é o transporte”, ilustrou o especialista. “O transporte causa vários problemas para esse animal. O primeiro ponto é privar ele de descanso. Você imagine para um animal que viajou oito horas dentro de um caminhão, em pé, chegar na fazenda, ele está desidratado, ele está muito cansado e o pecuarista, dependendo da estrutura, ele tende a desembarcar esse animal e já processar ele, fazer a vacina, fazer o vermífugo. Isso aí interfere muito no resultado dos produtos que estão sendo utilizados. O estresse, a desidratação. O ideal é que ele deixe esses animais no mínimo de dois a três dias descansando, se hidratado para poder melhorar a eficiência dos produtos. São detalhes que lá no final do confinamento a gente vai ter impactos. O pecuarista consegue melhorar implementando técnicas de manejo e baixo estresse”, completou.

A eficiência dos produtos veterinários melhora justamente porque, quando menos estressado e com corpo em condições mais próximas à normalidade, o animal tende a ter seu sistema imunológico respondendo melhor às vacinas e demais medicamentos. Luenenberg usou como exemplo disto um trabalho feito com uma propriedade parceira da MSD Saúde Animal em Goiás, em que no primeiro dos lotes que passaram por este processo de aclimatação, apenas uma em três mil cabeças rejeitou o cocho. O especialista afirmou que este processo de aclimatação envolve mostrar para o gado onde está a água, onde está o alimento, enfim, mostrar a estrutura para que ele confie no novo ambiente e nas pessoas ao redor.

Como vencer o desafio do bem-estar na entrada do boi no confinamento?

Boi estressado esconde doença e dificulta diagnóstico

Durante a entrevista foi exibido ainda um depoimento do pecuarista Ricardo de Almeida Brochado, Fazenda São Miguel do Sarandy, de Santana do Livramento-RS, parceiro do programa Criando Conexões.

“Este contato pela primeira vez nos surpreendeu. É um método que eu já tinha lido na DBO em uma edição passada falando nisso e eu achei um pouco difícil de acontecer da forma como falava ali porque, na verdade, a gente é acostumado a trabalhar de outra forma com gado e, embora se tenha noção de bem-estar animal, a gente procurou sempre não judiar dos animais, trabalhar com calma. A gente trabalhava com bandeiras aqui. Com bandeira, a gente queira ou não fica mais agressivo trabalhando com gado. E agora a gente teve oportunidade de ver que esta questão de olhar o gado, de conseguir meter pressão nele com o olhar. E com posicionamento correto da pessoa na mangueira, o gado responde positivamente para o que a gente quer e isso realmente traz um bem-estar. O gado trabalha tranquilo, não se bate, não se pisa, então é sensacional. Claro que isto a nossa cultura tem que ir se adaptando, mudando, aprendendo, tem que ir vendo porque a gente está acostumado a trabalhar de outra forma. Esta questão do tempo que demora, o gado não conhece este sistema. […] Mas eu tenho impressão de que à medida que você for repetindo esse manejo com o nosso gado, ele vai entender melhor, haja visto que o gado no rotacionado a gente vai na frente, chama o gado, levanta o arame da cerca elétrica o gado passa sozinho pela porteira, o gado já espera a gente ali, isso da mesma forma eu acredito que na próxima vez que a gente passar esse gado aqui já vai ser bem melhor a maneira dele ser conduzido. […] É um tendência que veio para ficar, é uma forma maravilhosa de lidar com o gado. Parabéns!”, reconheceu o criador.

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WEBINAR

Algumas destas técnicas de bem-estar animal estarão em evidência no webinar “Sobre vacas e pessoas: criando conexões entre saúde e bem-estar animal”, que terá início às 18h30 desta segunda-feira, 11.

Na programação estão contribuições de Marcelo Cecim, professor da UFSM e idealizador do “Traduzindo vacas“; André Pacheco, gerente técnico da MSD Saúde Animal; e Antony Luenenberg, coordenador técnico de bem-estar animal da MSD Saúde Animal.

O webinar será transmitido pelo canal da própria empresa no YouTbe, que pode sera acessado no link abaixo:

+ Canal da MSD Saúde Animal no YouTube

Assista à entrevista completa com Antony Luenenberg no vídeo a seguir: