Na integração com eucalipto, área de milho fica menos quente e mais produtiva

"Quando a gente soma todos esses produtos, é só aumento de produtividade e de renda numa mesma área de maneira sustentável”, destacou pesquisador

Aumento de produtividade, de renda, incremento do bem-estar animal e tudo isso com sustentabilidade para o meio ambiente. Assim resumiu o pesquisador da Embrapa Acre Idésio Luis Franke os benefícios da ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta) para dentro da porteira.

O especialista falou sobre o assunto em entrevista concedida para a equipe de reportagem do Giro do Boi para a série especial Embrapa em Ação, em episódio que foi ao ar nesta quinta, dia 04.

Franke, que é economista e engenheiro agrônomo com doutorado em desenvolvimento sustentável, apresentou primeiramente o estudo sobre os benefícios da ILPF da Embrapa Acre. Trata-se de integração milho, capim e eucalipto. “No sistema de integração lavoura-pecuária, a gente procura otimizar as culturas, tentando aumentar a produtividade de uma área. Então nós aqui fazemos vários cultivos ao mesmo tempo”, justificou.

MODELO DE PRODUÇÃO

Conforme explicou o pesquisador, nesta área estão sendo cultivadas renques com quatro faixas de eucalipto, o que pode variar conforme o interesse do produtor. A partir do segundo ano, já é possível plantar nas entrelinhas o milho com o capim, aumentando a chance de se colher os benefícios da ILPF.

“Então nós já calcariamos a área, adubamos, vamos produzir eucalipto e, enquanto ele não produz, nós produzimos milho e, ao mesmo tempo, a pastagem embaixo. Embaixo das culturas de milho e eucalipto, temos pasto e vamos fazendo a rotação e soltando gado dentro, gradativamente. À medida que o eucalipto tiver um ano e meio em diante, já podemos soltar o gado”, projetou Idésio.

BOM PRO BOLSO, BOM PRO MEIO AMBIENTE

Segundo disse o agrônomo, os benefícios da ILPF vão além da cesta de produtivos e incremento da produtividade. “De maneira que nós temos uma área com o solo recuperado. Nós temos o incremento fantástico de (estoque de) carbono, fazendo o sequestro de carbono e cooperando com a amenização da questão das mudanças climáticas globais, o que é um papel muito importante”, destacou.

Nesse sentido, Idésio lembrou como o produtor consegue aproveitar todos benefícios da ILPF. “O produtor tem ao mesmo tempo vários produtos em uma mesma área. Ele tem o milho para fazer ração, […] para criação de porco, galinha e mesmo do gado na época mais seca. Ele tem a madeira […] para a sua cerca, currais e outras construções civis na propriedade. E tem o capim cultivado à sombra do eucalipto, gerando bem-estar animal fantástico”, salientou.

Em suma, continuou o doutor em desenvolvimento sustentável, “Nós temos o aumento da produtividade tanto de carne como de leite, temos o aumento da fertilidade das fêmeas. Assim, nós temos aumento das prenhezes e, quando a gente soma todos esses produtos, é só aumento de produtividade e de renda numa mesma área de maneira sustentável”, completou.

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MAIS FRESCO E MAIS PRODUTIVO

Em seguida, o pesquisador explicou a relação entre o cultivo do milho à sombra dos eucaliptos, cuja área da lavoura registra 2º C a menos do que as de milho solteiro.

“Devido à condição de menos vento e a temperatura menor, você tem menos evapotranspiração. Portanto, esse milho aqui vai amadurecer mais tarde, vai crescer mais, vai ter uma produtividade maior por esse fator. E ele é plantado no sentido leste-oeste, no sentido da faixa do sol. Mesmo assim ele tem uma condição melhor de estresse térmico comparado com esse milho que está ao lado, que é um milho que está a pleno sol. Essa é uma diferença fantástica na produtividade do milho. Mais um dos benefícios da ILPF, neste caso do milho entre as faixas do eucalipto”, detalhou.

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ESCOLHA DAS CULTIVARES

Acima de tudo, para que o sistema seja bem sucedido dentro da porteira, o pesquisador ressaltou a importância de escolher as cultivares certas com o manejo recomendado. É justamente o que ocorre na área de ILPF da Embrapa.

“Esse eucalipto, apesar de ter sido plantado na época seca, tem cerca de um ano e um mês. Ele é de uma variedade que foi clonada, ela é recomendada pela Embrapa. É o clone H13. Nós temos também o VM01, que são dois clone recomendados pela Embrapa para a nossa região, no estado do Acre, e para a Amazônia Ocidental, fruto de 15 anos de pesquisa. […] É um clone que tem um crescimento muito rápido, muito rústico. Nós já podemos soltar o gado dentro com um ano e meio. Então é um material fantástico para a produção de madeira e para sequestro de carbono”, concluiu.

Pelo vídeo a seguir é possível assistir na íntegra mais esta reportagem da série Embrapa em Ação sobre os benefícios da ILPF:

Foto: Reprodução / Embrapa