Para ter fazenda de pecuária lucrativa, como devo distribuir o gasto de dinheiro?

Consultor indica quanto deve ser o teto dos custos em cada etapa de produção (cria, recria e engorda ou ciclo completo) e como distribuir os gastos dentro da propriedade

A Dica do Chaker desta quinta-feira, 26, ajudou o gestor de fazenda de pecuária a encontrar uma saída para um dúvida comum e frequente. “Quanto gastar e como gastar dentro de uma fazenda para que você tenha um processo exitoso, uma fazenda lucrativa, que entrega o máximo de resultado?”, revelou o zootecnista Antônio Chaker, mestre em produção animal e diretor do Inttegra.

Chaker dividiu em quatro as categorias dos gastos dentro de uma fazenda de pecuária de corte.

1 – Desembolso focado no custo variável

Segundo o consultor, aqui trata-se de tudo que o animal precisa com nutrição, sanidade, reprodução, pastagem, entre outros. “Esse custo variável é tudo aquilo que eu gasto diretamente com o boi. Conforme cresce o meu rebanho, minhas vacas e bezerros, eu gasto mais. Então são os insumos, serviços da produção como nós chamamos de custo variável”, explicou.

2 – Custos fixos

“São aqueles que independente do meu rebanho crescer ou diminuir, eu vou gastar a mesma quantidade de dinheiro. Enquanto, por exemplo, na nutrição, quanto mais gado eu tenho, mais eu gasto em nutrição, já na administração, não. Por exemplo, o que você paga para o seu contador todo mês para fazer assessoria, se você aumentar 15% o seu rebanho ou diminuir, não vai mudar honorário do contador, não vai mudar energia elétrica da casa da sede. Isso são os custos fixos dentro de uma fazenda”.

3 – Investimentos incidentes sobre a produção

“É quando você faz algum desembolso em algo que vai durar mais que 12 meses e vai aumentar a produção, como, por exemplo, reformar um pasto, comprar um trator, fazer uma cerca, construir uma casa. São investimentos. E esses investimentos, que é aquilo que contribui para o seu patrimônio e dura mais que 12 meses, podem ser incidentes sobre a produção ou não incidentes sobre a produção.

4 – Investimentos não incidentes sobre a produção

“Exemplificando: se eu formei um pasto, é um investimento incidentes sobre a produção. Se eu fiz um escritório, é um investimento não incidente sobre a produção. É claro que o escritório é importante, mas ao contrário do pasto que vai impactar diretamente sobre o aumento de produtividade, já a construção do escritório vai impactar indiretamente, por isso é um investimento não incidente sobre a produção”.

MAS ONDE EU DEVO COLOCAR MAIS O MEU DINHEIRO?

De acordo com Chaker, “a melhor forma de gastar é (I) com custo variável – tudo aquilo que o boi e a vaca precisam. Depois os (II) investimentos incidentes sobre a produção, depois com os (III) custos fixos e, por último, os (IV) investimentos não incidentes sobre a produção”.

Chaker apontou, então, QUANTO o produtor pode ter como teto de custo, dependendo de seu sistema produtivo.

“Para você que é só da cria, você produz bezerros, nós acreditamos, baseados na nossa estatística, que você deve ter um orçamento próximo a 58% para gastar de tudo que você produz. Então uma fazenda de cria, produz bezerro, bezerra, vende vaca descarte, as melhores propriedades de cria gastam, arredondando, até 60% de tudo que produzem. E desses 60%, mais da metade deve ser com insumos de rebanho e pastagem”, calculou.

“Quando você está no ciclo completo, o seu orçamento é gastar, no máximo, 70% de tudo que você produz”, especificou.

Chaker também sugeriu o teto de custos para quem está na recria e engorda, reforçando que esta conta não contempla a reposição. “E quando você está na recria e engorda – é importante lembrar que eu tenho o meu desembolso para produzir e eu preciso repor o animal, mas eu vou falar agora do desembolso para produzir e não comprar. Com tudo aquilo que eu produzo, eu precisa ter um desembolso máximo de 60%. O que eu chamo a atenção sua? É gastar 0,6@ para cada arroba produzida”, resumiu.

O consultor alertou ainda que as fazendas que têr um custo fixo maior são, normalmente, as que têm pior resultado.

“Existe algo muito marcante na forma de gastar na atividade pecuária que é o efeito daquele custo fixo – que é mão de obra, manutenção, administração e impostos não incidentes sobre a produção – sobre o resultado de uma fazenda. Quanto maior o custo fixo, pior tende a ser o resultado da propriedade. Quando você acompanha uma estatística aplicada, como nós fazemos em muitas fazendas pelo Brasil, Paraguai, Bolívia e Colômbia, fica muito claro que as fazendas de prejuízo têm R$ 32,00 por cabeça/mês de custo fixo, a média tem R$ 27,00 e as que mais ganham dinheiro têm R$ 22,00 cabeça/mês em custo fixo. Ou seja, gastar menos nos custos fixos é muito saudável para você, para a sua fazenda”, advertiu.

Então o zootecnista concluiu sua participação apontando COMO distribuem os seus gastos as fazendas mais rentáveis do Brasil, Paraguai, Bolívia e Colômbia acompanhadas pelo estudo de Benchmarking do Inttegra. Veja na imagem abaixo:

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Confira a edição completa do quadro Dicas do Chaker no vídeo a seguir: