Equilibrar componentes da ILPF maximiza o lucro do produtor

Pesquisador da Embrapa recomenda manejos específicos dependendo de qual cultura dentro do sistemas integrado o produtor deseja priorizar

Uma área de experimentação dentro da unidade da Embrapa Agrossilvipastoril está recebendo um estudo de longo prazo para encontrar as melhores formas de equalizar o desempenho de componentes dentro do sistema integração lavoura-pecuária-floresta. Com o fim do primeiro ciclo do estudo, que durou quatro anos, os pesquisadores já puderem compreender que, de fato, o componente florestal afeta a produtividade dos demais, sendo necessário processos específicos para manutenção do equilíbrio.

Neste primeiro ciclo, o arranjo dos renques de árvores foi estabelecido em linhas triplas com distâncias de 30 metros entre si. A partir do crescimento da floresta, a produção de forrageiras e grãos começa a ser afetada e, no quarto ano do experimento, foram feitas intervenções de duas maneiras: transformando as linhas triplas em simples ou o desbaste seletivo de 50% das árvores, o que devolveu produtividade aos demais componentes do consórcio – capim e soja, mas com o milho ainda sendo bastante afetado. “Mostra a necessidade do manejo do componente florestal”, afirmou o pesquisador da unidade, Maurel Behling, engenheiro agrônomo, mestre em ciências do solo e doutor em solos e nutrição de plantas.

A decisão do produtor pela forma como vai manejar os componentes, segundo Behling, vai depender do objetivo final de seu sistema, que deve variar, sobretudo, pela demanda do mercado. Se o retorno maior na região é com a produção de grãos ou carne, o desbaste das árvores deve ser mais agressivo, mas se houver procura por biomassa por indústrias locais, então o produtor deve priorizar o crescimento da floresta em detrimento às lavouras de grãos ou forrageiras, sempre calculando o impacto financeiro.

Behling ponderou, entrentanto, que o produtor deve levar em consideração a localização de sua fazenda em relação à indústria que compra a madeira, que não deve ser superior a 150 km, o que inviabiliza o frete e reduz drasticamente a renda potencial do componente florestal.

Em todo caso, os ganhos em produtividade das outras culturas, embora possam encontrar no crescimento das árvores um fator limitante, são maiores do que no sistema convencional solteiro. “Nos exemplos aqui onde nós temos uma integração com a pecuária, o aumento da produtividade nesta área num primeiro ciclo, com uma pecuária intensiva, com animais recebendo suplementação de 0,1% do peso vivo, chega a uma produção de até 30 arrobas por hectare ano, bem superior à média do estado, que é 4. E em comparação com o tratamento da pecuária exclusiva, nós chegamos aqui a 17@, mostrando o potencial”, ressaltou o pesquisador.

Behling afirmou que agora será iniciado o segundo ciclo da pesquisa, rumo ao oitavo ano no geral, e novas alternativas de intervenções serão discutidas para manter o equilíbrio no desempenho de todos os componentes.

Confira a reportagem completa pelo vídeo abaixo: