Sabe o cachorro que te acompanha no curral? Ele pode estar atrapalhando o desempenho do seu gado

Movimentações estranhas ao dia a dia das vacas em estação reprodutiva podem levar à produção do cortisol, o hormônio do estresse, e provocar quedas na taxa de prenhez

Você sabe quais são os impactos das práticas de bem-estar na taxa de prenhez depois da estação de monta? O Giro do Boi desta terça, 24, levou o tema para discussão em entrevista concedida pelo médico veterinário William Delacqua, consultor em reprodução animal, ao repórter José Neto.

O especialista afirmou que a primeira condição para o sucesso da estação reprodutiva é que as fêmeas que vão passar pelos processo de inseminação artificial estejam calmas ao longo de todo o processo. “O pecuarista já investe um valor considerável em sêmen, produtos, qualificação, mão de obra e, muitas vezes, uma ferramenta que está na mão, que não custa nada, apenas conhecimento e treinamento, pode agregar e muito em termos de resultados, que é a forma com que esse gado pode ser conduzido até o curral. […] Tem detalhes que parece que podemos ignorar em alguns momentos, mas que podem agregar muito em termos de resultado e lucratividade”, destacou Delacqua.

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O veterinário acrescentou que é importante que as fêmeas não encontrem um ambiente adverso na comparação com que elas têm no dia a dia em seus piquetes. Um curral limpo, sem objetos estranhos e diferentes que chamem a atenção das matrizes é altamente desejável para o manejo. Além disso, uma situação que ocorre com frequência nas fazendas pelo Brasil pode atrapalhar a estação de monta: o melhor amigo do homem, o cachorro companheiro, não é necessariamente o melhor amigo das vacas. Quando estão presenciando o manejo reprodutivo, os animais podem ficar agitados e chamar atenção das fêmeas, o que pode estressá-las e provocar quedas na taxa de prenhez. Durante sua passagem pelo Brasil, a própria dra. Temple Grandin, uma das maiores referências mundiais em bem-estar animal, esclareceu que os cães podem atrapalhar manejos em currais.

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Tecnicamente falando, o fator que causa tais prejuízos nos índices produtivos e reprodutivos é o cortisol, conhecido como o hormônio do estresse. Em manejos mais delicados, como o da reprodução, seus efeitos são extremamente negativos, acrescentou Delacqua.

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Outro fator importante para o sucesso da estação de monta é o pós-inseminação. Depois de encerrar os trabalhos no curral, o veterinário afirmou que caminhar com o lote por longas distâncias pode aumentar a carga de estresse e a temperatura corporal nas fêmeas, o que pode fazer com que a dose de sêmen utilizada seja inutilizada. Por isso, conforme a possibilidade, é importante reservar um piquete próximo ao curral para descanso das matrizes para que elas sejam naturalmente acomodadas antes de voltar aos piquetes de origem.

No vídeo abaixo estão as dicas completas de boas práticas de manejo na estação de monta. Clique no player: