Sem “fake news”, Embrapa revela vacas de elite que produzem leite a pasto

Testes realizados na unidade Cerrados servem para compor índice junto à ABCZ e identificar novilhas “elite” e “superior” para a produção leiteira

Conforme comparou o médico veterinário, mestre em reprodução animal e doutor em ciências biológicas Carlos Frederico Martins, pesquisador da Embrapa Cerrados, a Prova Brasileira de Produção de Leite a Pasto não tem espaço para fake news.

O responsável pelo Laboratório de Reprodução Animal do Centro de Transferência de Tecnologia em Raças Zebuínas de Aptidão Leiteira, o CTZL, concedeu entrevista ao Giro do Boi que foi exibida em mais um episódio da série especial Embrapa em Ação. “É um teste zootécnico e não tem fake news. É a realidade da fazenda num ambiente científico. A gente não olha marca, a gente quer mensurar os atributos econômicos, passar isso para os criadores e a partir dos resultados finais, eles conseguem balizar o seus sistema de criação, os seus cruzamentos, os seus acasalamentos e comparando com o fino, com o que tem de melhor no Gir leiteiro e também nas outras raças que a gente chama para a prova – como o Sindi, o Guzerá e cruzamentos. Hoje só o Gir está em prova de leite, mas eles conseguem, avaliando o grupo de contemporâneas, balizar como está o seu sistema de criação e todo o seu processo de melhoramento genético”, explicou o pesquisador.

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Martins detalhou como funciona a prova. “Este é o sétimo ano. A gente foca na avaliação de lactações completas. É isso que determina a realidade do melhoramento genético. Você avalia toda a lactação, a persistência da lactação, a reprodução, a composição do leite, a quantidade de leite e outros atributos importantes, mas dentro de uma realidade de fazenda, sem artificialismo, sem nenhum tipo de hormônio indutor de leite e de lactação. O que as fazendas fazem, nós reproduzimos aqui em ambiente controlado para que as novilhas expressem o seu potencial e a gente consiga mensurar isso da melhor forma possível”, assegurou.

Os resultados servem, então, para gerar um índice compartilhado junto à Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, a ABCZ. “A gente criou junto com a ABCZ um índice fenotípico que ranqueia os animais. Ele pondera as principais características econômicas. Então a gente busca um animal equilibrado em todas as características que geram divisas ou não para o proprietário, para o criador. Essa é a ideia da prova. É buscar o animal equilibrado, que traga dinheiro para o proprietário, ao criador, buscar esse animal que emprenha mais cedo, que tem uma persistência de lactação maior, a composição do leite, a qualidade do leite são importantes. A gente verifica se elas produzem um leite mais de fácil digestibilidade, que é o leite rico em beta-caseína A2A2, então a gente já faz essa avaliação genotípica durante a prova e traz essa informação para o criador. E o mais importante, a gente pega uma fêmea, uma novilha que vai parir dali em torno de sete meses, ela pare aqui e ela volta com um bezerro recriado e ainda prenha, porque a reprodução é um fator de avaliação. Eu acho que é uma forma interessante para o criador e ele ganha no final uma avaliação completa e uma lactação oficial pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu”, destacou o doutor em ciências biológicas.

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No índice, segundo informou o veterinário, os melhores animais são separados como “elite” ou “superior. “Na prova aqui a gente usa uma braquiária Piatã rotacionada, então os piquetes são rotacionados. A gente presta atenção na fisiologia da planta e faz um complemento de ração de acordo com a produção do animal. […] São animais variando de 3.500 a 4.000 kg de leite para novilhas, […] então a gente faz o ranqueamento entre elite e superior. Elas estão nessa faixa de produção que é excelente para esse regime a pasto em clima de Cerrado. E são animais de primeira lactação, são novilhas que estão se adaptando ao sistema de ordenha mecanizada, então é uma prova que retrata a realidade mesmo da fazenda dentro de um contexto de pesquisa”, comentou.

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Em entrevista ao Giro do Boi, o Carlos Martins informou como os produtores de genética leiteira podem ter acesso à prova, caso queiram destinar novilhas de seus planteis para o teste. “O pecuarista que quiser se inscrever pode procurar o escritório local da ABCZ, que é a ACZP, Associação de Criadores de Zebu do Planalto, […] ou aqui na Embrapa Cerrados mesmo, pelo e-mail [email protected]. Pode enviar suas dúvidas, diga que quer fazer inscrição e planejar a vinda dos animais. Pode fazer contato conosco”, convidou.

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Confira pelo vídeo a seguir a entrevista completa com Carlos Frederico Martins sobre a Prova Brasileira de Produção de Leite a Pasto da Embrapa Cerrados:

Foto: Breno Lobato / Reprodução Embrapa