Como planejar a vacinação? Mateus Paranhos revela os principais erros

Professor da Unesp de Jaboticabal, um dos maiores especialistas em comportamento animal e bem-estar do Brasil e do mundo, falou ao Giro do Boi direto de Edimburgo, na Escócia

No Giro do Boi desta segunda, 6, destaque para entrevista concedida pelo zootecnista, especialista em comportamento animal, mestre, doutor e pós-doutor em bem-estar animal, Mateus Paranhos, professor da Unesp de Jaboticabal. Ele falou ao vivo com o apresentador Mauro Sérgio Ortega direto de Edimburgo, na Escócia, sobre boas práticas do manejo de vacinação para não impactar no desempenho animal nem na qualidade do produto ofertado aos consumidores.

Para o professor, os animais devem chegar em boas condições à época de vacinação para terem boa resposta do sistema imunológico à vacina. “Os animais não devem estar doentes e deve haver um planejamento do transporte das vacinas, cuidado com os equipamentos e contenção adequada. Tudo deve estar preparado. Uma preocupação da vacinação é que ela envolve muitos aspectos, que não são só a vacina. Por isso tudo deve ser organizado e planejado”, recomendou.

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Mas a etapa de planejamento da vacinação é, geralmente, negligenciada dentro da fazenda, o que faz com que a etapa seja mal executada. “De maneira geral, existe uma cultura de não ter planejamento, de ir direto para a execução sem pensar nas implicações que cada elemento tem na execução do trabalho”, lamentou Paranhos.

A refrigeração é uma dessas etapas não organizadas previamente e que pode impactar decisivamente no processo. “Se não tiver material para manter a refrigeração, eu posso colocar a vacina em risco. Não pode ter exposição ao sol para não aquecer, isto degrada a vacina”, acrescentou o pós-doutor em bem-estar animal.

Paranhos pediu foco também na checagem das estruturas que receberão os animais. No tronco individual, local indicado para aplicar a vacina, o funcionamento das alavancas e das portas deve ser verificado para não haver problemas no ato da contenção, o que leva a acidentes, como quebra da agulha no animal. “Na organização, o pecuarista deve trabalhar para que não ocorra sobreposição de serviços. No dia da vacinação, a equipe deve estar dedicada. Por isso o planejamento é essencial”, complementou o professor da Unesp.

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VACINA, PEÃO!

O pesquisador comentou ainda a campanha recém lançada “Vacina, peão”, iniciativa da Ação Vacinando no Alvo, proposta pelo departamento de originação da JBS para lembrar todos os envolvidos nesta etapa de imunização preceitos básicos das boas práticas de manejo.

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“São pontos fundamentais. A pressa normalmente resulta em ineficácia. Ao fazer as coisas correndo, perde-se o controle da situação, que é complexa, pois o animal tem vontade própria, segue seu instinto. Quando fazemos com pressa, aumentamos o risco de acidentes. A vacina na tábua do pescoço diminui o risco de formação de abscessos ou reações. Seria mais fácil vacinar na anca, mas você estaria vacinando na picanha, o que é terrível e a gente nunca pode recomendar. A tábua do pescoço tem a característica de ter carne de valor inferior, mas também torna mais fácil a equipe de inspeção identificar algum problema. Como vamos fazer uma boa inspeção se não soubermos onde foi feita a vacina? São pontos fundamentais a serem considerados. A aplicação subcutânea também deixa mais evidente uma situação anormal”, declarou Mateus Paranhos, lembrando do recente embargo dos EUA à carne brasileira pela reação intramuscular à vacina.

Veja a entrevista completa do professor da Unesp ao Giro do Boi desta segunda: