TURBINANDO O PASTO

Embrapa potencializa plantas forrageiras através do melhoramento genético

Conheça alguns dos pastos nativos que são produtos do programa de melhoramento de forrageiras da Embrapa Pecuária Sul

Uma linha de pesquisa da Embrapa está potencializando plantas forrageiras através melhoramento genético para maiores ganhos de produtividade na produção de bovinos de corte na região Sul. Assista ao vídeo abaixo e confira essa história.

Nesta segunda-feira, 2, o Giro do Boi exibiu mais um episódio da série especial Embrapa em Ação, desta vez em temporada gravada na unidade Pecuária Sul, em Bagé-RS.

Na reportagem, destaque para o programa de melhoramento de forrageiras. Conforme informou o pesquisador e supervisor de transferência de tecnologia da unidade, Daniel Portella, o foco do trabalho está na seleção de pastos nativos.

Segundo Portella, os campos do Pampa têm mais de 200 espécies de gramíneas.

“Então a gente tem uma diversidade muito grande. E são as espécies que mais se adaptam a esse ambiente, pois são nativas”, justificou.

De acordo com o pesquisador, as espécies de pastos nativos podem cumprir a função de complementar o consórcio com leguminosas de inverno, por exemplo, pela sua flexibilidade. Assim, abrem ao produtor um novo leque de opções em termos de sistemas produtivos.

Seleção de pastos nativos da região Sul

Lote de bovinos em área de pastagem no Rio Grande do Sul. Foto: Divulgação
Lote de bovinos em área de pastagem no Rio Grande do Sul. Foto: Divulgação

Em seguida, Portella citou alguns exemplos do trabalho de seleção e melhoramento de pastos nativos.

“O capim Sudão BRS Estribo entra nessa questão da produtividade e flexibilidade de manejo. Então é uma cultivar que tem grande poder de rebrota, ele perfilha bastante. Ele tem um manejo bem flexível, se a gente for comparar com as outras gramíneas anuais disponíveis”, disse em resumo.

“Portanto, essa é uma característica da espécie e, em particular, dessa cultivar que nós selecionamos. […] Tendo ele como uma base forrageira de verão […], a gente consegue integrar com as nossas cultivares de inverno. Dessa forma, a gente consegue equilibrar essa oferta de forragem ao longo do ano, buscando justamente essa complementaridade das características entre elas”, analisou.

Em suma, estima-se que o capim Sudão BRS Estribo já ocupe uma área de cerca de 700 mil hectares.

Além disso, Portella citou outros trabalhos para o lançamento de produtos comerciais feitos a partir da seleção de pastos nativos. Por exemplo, em parceria com a UFRGS, a unidade espera disponibilizar uma cultivar de Paspalum notatum (grama forquilha).

Logo depois, o pesquisador mostrou ainda campos de cultivo com Paspalum guenoarum, uma espécie que, de acordo com ele, é mais entouceirada e bastante produtiva.

Forrageiras de inverno ideais para o Sul

Pastos nativos do programa de melhoramento Embrapa Pecuária Sul. Foto: Divulgação/Embrapa Pecuária Sul
Pastos nativos do programa de melhoramento Embrapa Pecuária Sul. Foto: Divulgação/Embrapa Pecuária Sul

Posteriormente, Portella citou exemplos de cultivares que podem ser utilizadas como forrageiras de inverno, complementares aos pastos nativos selecionados.

Na Embrapa Pecuária Sul, o programa já lançou cultivares de trevo-branco, como a Entrevero, trevo-vermelho e o Cornichão URS BRS Posteiro.

“O nosso foco é realmente na parte de inverno estar mais concentrado em leguminosas. Esse é um trabalho que nós temos em conjunto com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É um convênio que nós temos, inclusive com a Sulpasto, que é uma associação de produtores de sementes de forrageiras aqui no Sul, que co-financia o nosso trabalho”, revelou.

Depois disso, Portella justificou o investimento na seleção de leguminosas para o cultivo de inverno.

“Elas têm uma característica de fixar nitrogênio, então isso ameniza o custo de produção, dá uma contribuição bárbara. Também evita eventual poluição quando se aplica nitrogênio em uma condição que não é ideal, ou por excesso de volatilização ou por excesso de chuva, que muitas vezes acontece. Atualmente, o que está pegando mais é o custo. Então a gente poder contar com uma espécie que fixa esse nitrogênio através dessa simbiose com as bactérias, a qualidade é muito boa”, aprovou.