Entenda a situação do mormo no Brasil e como prevenir a doença nos cavalos

Sem vacina para prevenção ou tratamento recomendado, doença já levou ao sacrifício de 2.400 animais no País

Nesta sexta, 27, o Giro do Boi exibiu mais um conteúdo de sua nova série especial de reportagens sobre equinos. O tema desta vez foi a temida doença infectocontagiosa de mamíferos de casco conhecida como mormo, que não tem cura e ainda é uma zoonose, o que significa que ela pode ser transmitida para o ser humano. Como não tem vacina nem o tratamento é recomendado, uma vez contaminado, o animal deve ser sacrificado.

Em entrevista concedida à equipe de reportagem do programa, o médico veterinário Walnei Paccola explicou as causas e consequências do mormo no equinos e como o criador pode evitar a contaminação da tropa.

“Ela é uma bactéria, que é a Burkholderia mallei. O gênero Burkholderia é muito vasto, hoje em dia calcula-se que existem 122 bactérias desse gênero. A Burkholderia mallei é a causadora do mormo verdadeiro. A Burkholderia mallei não vive no ambiente, então ela só vive dentro do organismo. Para ela sobreviver, tem que estar dentro do organismo. Ela, uma vez ingerida, infectando pele, por algum mecanismo, entra no organismo, se instala e pode gerar problemas de pele, pode gerar pneumonias, linfadenomegalias, linfonodos aumentados, e ela fica sempre ali dentro, de uma forma sempre crescente, vai espoliando, vai emagrecendo e vai fazendo o estrago por esse lado”, detalhou Paccola.

O veterinário explicou que a maior parte dos casos no Brasil é assintomática. “O mormo brasileiro diverge. A sintomatologia é diferente, a epidemiologia é diferente e o rastreamento sorológico é diferente. Às vezes você pensa ‘não tem por que ter mormo ali’. Mas aí você encontra um mormo do nada! Existem as soroconversões, então você faz um exame e dá positivo. Dali a pouco você volta a fazer exame no mesmo cavalo, dá negativo. Então o mormo brasileiro é atípico, é diferente, e aí que entram os nossos questionamentos”, apontou.

“Quase que na totalidade dos casos, talvez 90% ou mais de todos os equinos hoje sendo abatidos no sistema são assintomáticos e não têm absolutamente nada, nunca apresentaram”, informou. “Segundo o PNSE, que é um Programa Nacional de Sanidade de Equinos, já foram abatidos 2.400 cavalos”, lamentou.

Walnei listou algumas das práticas que podem ser tomadas na fazenda para que o cavalo esteja menos suscetível à doença. “Manter higiene, manter o cavalo em condições dignas da criação… Eu sempre falo: cavalo não foi feito para ficar fechado, trancafiado em espaços fechados. O cavalo foi feito para ficar em áreas abertas, tomar ar, tomar sol, enfim, ter uma vida saudável. É isso que a gente pode recomendar”, resumiu.

“Eu entendo que o Brasil está se despertando para uma nova fase, uma nova realidade, eu quero acreditar que o Brasil vai voltar a ter o cavalo no nível que merece, no tamanho que ele merece. O cavalo é muito importante na sociedade, não só sociocultural, mas também financeiramente falando ele representa uma fatia bem importante. E o Brasil vai tomar novos rumos, vai endireitar esse caminho, e o cavalo vai voltar a ter o papel que ele merece”, projetou.

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Veja a entrevista completa com o médico veterinário Walnei Paccola:

Foto: Reprodução / Governo de Goiás