Como gerenciar a fazenda à distância em meio à pandemia de Covid-19?

Consultor recomenda que gestores de fazendas de pecuária criem protocolos de reuniões remotas para evitar visitas presenciais desnecessárias

Você pode criar protocolos de reuniões à distância para manter em dia a gestão da fazenda durante a pandemia do Covid-19. Foi o que recomendou ao produtor em entrevista ao Giro do Boi desta segunda, 23, o zootecnista e mestre em produção animal Antônio Chaker, diretor do Inttegra.

O consultor afirmou que durante a crise o setor deve se sentir privilegiado. “O produtor está sofrendo muito menos. O boi é maravilhoso conosco porque ao contrário da lojinha da esquina que vende produtos naturais, do camarada do restaurante que vende hambúrguer, nós, do boi, vamos imaginar assim: o capim continua crescendo, o boi continua ganhando peso, o milho continua crescendo, então, no final das contas, nós temos que agradecer todo dia a nossa profissão porque o impacto para nós tende a ser infinitamente menor do que os outros segmentos. E ainda nós vamos ajudar o Brasil a passar por esta crise”, ressaltou.

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Chaker informou como o produtor pode elaborar um programa de gestão à distância para manter sua propriedade livre do coronavírus, evitando visitas presenciais desnecessárias.

“A primeira dica é, mesmo à distância, se manter próximo analisando os indicadores. Então perguntas que você vai fazer diariamente sobre todos os lotes: escore de fezes, altura de pastagem, consumo de suplementos, mansidão dos lotes, uma série de coisas que antes você ia ver in loco e hoje você vai perguntar para o capataz, para o peão”, introduziu o zootecnista.

Chaker afirmou que já observou diversas propriedades que mesmo com gestores à distância têm muitas vezes desempenhos melhores do que aquelas em que o dono reside. “E eu vou contar – existem propriedades que tem um programa de acompanhamento de consumo de suplementos, de manejo de pastagens e condições de escore de fezes que mesmo sem a pessoa estar na fazenda, ela recebendo fotos do Whatsapp conversando três vezes ao dia com uma ata, com uma pauta bem estabelecida, ela gere muitas vezes a fazenda melhor do que o cara que está lá e não vê a fazenda através dos números. Eu tenho uma série de experiências de propriedades que o dono mora lá e elas vão pior do que propriedades que o dono vai pouco, porém recebe relatórios diários sobre tudo que está acontecendo”, revelou.

“E tem aí uma reunião de acompanhamento de resultados, criação de protocolos de supervisão das entregas, tem condição corporal, você tem brilho de couro, você tem uma série de outras coisas que você consegue conversar e verificar numa foto dos animais ou até em um vídeo para entender se a programação de serviço foi feita”, concluiu.

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COMO A PANDEMIA VAI EVOLUIR NO BRASIL?
Chaker analisou ainda gráficos do avanço do coronavírus no Brasil e no mundo, indicado que por aqui a situação até então está melhor do que em países mais comprometidos, como Itália. Entretanto, os dados apontam que Brasil está no limite da perda de controle, daí a importância de seguir as recomendações do poder público nos próximos dias.

“Nós temos alguns indicadores que mostram que o Brasil está caminhando bem, está fazendo a parte dele. Claro que ainda muito distante de, por exemplo, Coreia e Japão, mas por exemplo, existe um índice que nós temos que ficar de olho, que é número de dias para dobrar o número de casos. Se está tudo muito legal, são três dias para dobrar o número de casos, mas se a coisa está realmente complicada, em menos de dois dias já dobra o número de casos (no Brasil atualmente são 2,4 dias). Então tem uma série de indicadores que nós temos que monitorar agora e é alerta máximo porque nós estamos no limite das coisas não caminharem tão bem. Cabe a nós fazer a nossa parte para realmente passar. Com certeza vai passar, mas passar com menor dano possível”, apontou.

Veja a entrevista completa com Antônio Chaker no vídeo abaixo: