Engorda com proteico energético ou ração: qual deixa mais lucro na fazenda?

Acadêmico de veterinária usou o TCC para comparar desempenho de lotes quanto a arrobas produzidas, ganho médio diário, rendimento do ganho e lucro por cabeça

O acadêmico de medicina veterinária Dauydison Antonio Gonzalez Cordeiro, da Unir, a Universidade Federal de Rondônia, usou o seu trabalho de conclusão de curso (TCC) para responder uma dúvida frequente dos invernistas brasileiros: o que dá mais lucro para a fazendas de engorda – a terminação no proteico energético ou na ração? O Giro do Boi mostrou os resultados preliminares dos testes conduzidos por Dauydison no quadro Giro do Dia exibido nesta segunda, dia 12.

“Hoje estou aqui no Sítio Ouro Verde, aqui mesmo no município de Rolim de Moura, estou aqui com o proprietário Antônio. Ele que está fazendo um projeto de TCC da faculdade em que ele estará em breve se formando em medicina veterinária. A gente está aqui hoje fazendo uma visita para ele porque ele tem um sistema bem bacana aqui. O projeto de faculdade dele do TCC vai verificar a viabilidade dos animais a serem tratados na ração ou com proteinado energético, que é sempre uma dúvida recorrente do pecuarista”, anunciou Matheus Roz, originador do Friboi em Rolim de Moura.

“É uma dúvida que surge bastante entre os pecuaristas no momento da avaliação, de escolher uma estratégia e definir se usa uma suplementação ou outra. Então a gente pegou essa dúvida desses pecuaristas e trouxe a campo”, confirmou o acadêmico. “A nossa ideia aqui, a princípio, é avaliar o desempenho zootécnico e a viabilidade econômica de uma boiada terminada, por exemplo, numa suplementação de alto consumo, comendo 6 kg de suplemento por dia, e uma boiada comendo em torno de 2,5 kg por dia”, explicou.

“Aqui na propriedade a gente tem 13 piquetes, a gente trabalha em um módulo rotacionado onde a gente está com uma carga de oito animais num proteinado energético de médio consumo, ingerindo 2,5 kg de ração, e o outro ingerindo 6 kg de ração. E a gente trabalha esses animais rotacionando conforme a taxa de suporte das pastagens aqui na propriedade”, detalhou.

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“Aqui a gente observa os animais que estão na suplementação ingerindo um produto de alto consumo, em torno de 1% do peso vivo, onde foi feita uma adaptação de sete dias e posteriormente adaptação eles passaram a ingerir essa quantidade de ração em um período de 90 dias de trato, que se encerra hoje”, mostrou o estudante.

Cordeiro salientou que a suplementação viabilizou o aumento da taxa de lotação mesmo em um período de maior desafio para as fazendas de pecuária. “Nesse lote, especificamente, a gente observa os animais que estão recebendo aproximadamente 0,5% do peso vivo e estão ingerindo em torno de 2,5 kg por dia de suplemento. Aqui são oito animais, a mesma quantidade que está do outro lado […] e o que chama atenção é a nossa taxa de lotação atualmente. Aqui na propriedade a gente trabalha com dois alqueires no rotacionado, são 13 piquetes, e hoje a gente está com uma média de cinco a seis UA/ha em pleno período de transição, em que a gente já não observa uma disponibilidade de água e os pastos já começam a ficar mais fracos. Mas a gente está conseguindo neste rotacionado e suplementando uma taxa de lotação dessa”, destacou.

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Na sequência, o acadêmico compartilhou os resultados prévios do TCC “Terminação de tourinhos manejados sob pastagens rotacionadas recebendo suplementação de médio e alto consumo” logo após o abate dos lotes.

“Pelo que a gente pode observar aqui, analisando os números previamente ainda, os animais que receberam o proteinado e a ração de alto consumo tiveram um desempenho zootécnico muito bom. Isso estava dentro do esperado, dentro da nossa meta, e quanto o resultado financeiro, o que a gente já obteve aqui, os animais do proteinado energético deixaram um caixa melhor. Mas isso a gente tem que ver que a nossa oferta, o nosso planejamento com a parte forrageira, que foi muito boa. Então por isso que o nosso desempenho zootécnico foi bom tanto com proteinado energético quanto para ração. E, no final, a gente obteve um resultado financeiro positivo para os dois, mas melhor um pouco para o proteinado energético. Agora vai a gente deixar claro aqui o pecuarista que nesse período de transição, na seca e nas águas, tanto proteinado energético como a ração de alto consumo são excelentes ferramentas. Agora o que tem de ser analisada é a viabilidade econômica, procurar uma assessoria técnica de boa qualidade”, interpretou.

Trabalho de conclusão de curso avaliou desempenho zootécnico e financeiro das boiadas.

Veja a seguir a comparação dos resultados dos dois lotes, que pesaram uma média de 18,52@:

Gado terminado com proteinado energético:
– 3,86 arrobas produzidas;
– Ganho Médio Diário de 1,150 kg;
– Rendimento do ganho de 0,64 kg
– R$ 523,35 de lucro por boi.

Gado terminado na ração:
– 4,14 arrobas produzidas;
– Ganho Médio Diário de 1,110 kg;
– Rendimento do ganho de 0,690 kg;
– R$ 372,60 de lucro por boi.

O originador Matheus Roz ponderou ainda outro fator que contribuiu para a diferença de desempenho dos lotes. “Era um lote de animais mais voltados para origem leiteira que estava na ração, ou seja, eram animais que comem e convertem bem menos do que o anelorado ou Nelore. Os animais anelorados e Nelore estavam no proteinado energético, e eles converteram e posteriormente deram um resultado bem melhor”, comentou.

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Pelo vídeo a seguir é possível acompanhar a entrevista e os registros dos testes realizados pelo acadêmico de veterinária Dauydison Antonio Gonzalez Cordeiro: