Pasto degradado vai virar “QR Code” em novo app da Embrapa

Plataforma vai analisar imagens enviadas para diagnosticar o nível de degradação e sugerir soluções de recuperação conforme características da fazenda

Ainda está sendo desenvolvida e serão necessários cerca de dois anos até a sua conclusão, mas a Embrapa, num trabalho feito em parceria entre diversas áreas e unidades, está trabalhando para lançar uma plataforma digital que vai fazer a leitura de fotografias de pastagens para diagnosticar o grau de degradação e ainda possíveis soluções conforme este nível, a região e o tipo de solo de cada fazenda.

É como se quando pecuarista tirasse a foto de seu pasto em degradação, isto fosse uma espécie de “QR Code”, que irá direcionar o produtor para onde ele encontrará soluções para um dos principais problemas da pecuária brasileira.

“Nós temos em torno de 166 milhões de hectares de pastagens e cerca de 60% com algum grau de degradação, e isto é de Norte a Sul do País. A gente pega no Sudeste as áreas de mares de morros, devido ao relevo acidentado, onde o gado com manejo inadequado a gente observa muitas áreas degradadas. Também na Região Sul, a região do Alegrete, problema de solos arenosos, muito frágeis. No Paraná, norte do Paraná, regiões também com solos muito frágeis. Aí você estende para o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, sul do Pará. Agora é importante nós fazermos um diagnóstico adequado, não é só dizer que a pastagem está degradada. É preciso saber em que nível de degradação”, justificou o pesquisador da Embrapa Solos Guilherme Donagemma, em entrevista para a série especial Embrapa em Ação.

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Conforme detalhou Donagemma, na plataforma o produtor irá tirar a fotografia, por exemplo, de seu celular, e esta imagem será enviada para um banco de dados, sendo que em tempo real ele irá receber um relatório dizendo em que nível de degradação está seu piquete e as opções de recuperação.

O pesquisador destacou que hoje já existem tecnologias e sistemas que solucionam o problema da degradação de pasto no Brasil. “Nós já temos hoje as tecnologias para recuperar o sistemas integrados. O plantio direto, a integração lavoura-pecuária, a integração lavoura-pecuária-floresta, que aí vão ser as medidas e os sistemas para nós recuperarmos. Agora as práticas vão ser definidas a partir dos indicadores, a partir do nível de degradação e aí os técnicos vão poder auxiliar o produtor na tomada de decisão”, explicou.

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Apesar de condições naturais como relevo acidentado e solos arenosos possam contribuir para a degradação do solo, Donagemma disse que boa parte dos problemas está relacionada ao desconhecimento destas soluções e de informações básicas que levam ao descuido, como compactação do solo, superlotação de pastagens, infestação de plantas daninhas e, o maior dos problemas, como classificou o pesquisador, erosão.

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Embora todos estes desafios possam ser superados, Donagemma ponderou que haverá aumento dos custos e tempo para recuperação, o que vai desfalcar o produtor de parte de suas áreas de pastagens, prejudicando suas receitas.

Veja na reportagem abaixo a entrevista completa com Guilherme Donagemma: