Recuperação ou reforma de pasto: saiba o que é melhor para a sua fazenda

Agrônomo destacou que pecuarista tem alternativa de menor custo e baixo risco, desde que tome a decisão “antes que a vaca vá para o brejo”

No 8º episódio da série especial “Dez passos para construir e manter uma boa pastagem na sua fazenda”, o engenheiro agrônomo pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP Wagner Pires, consultor do Circuito da Pecuária, aprofundou o tema recuperação de pasto, levantando informações que podem contribuir com a tomada de decisão do pecuarista.

“Ao contrário da reforma de pastagem, que nós temos que gradear, temos que destruir e fazer tudo novamente, na recuperação nós vamos começar a melhorar. Nós vamos trocar o pneu com o carro andando. Nós vamos arrumar o pasto com o boi dentro, rodando naquele pasto. Então vamos entender como isso é importante e viável para você”, disse Pires no vídeo que foi ao ar nesta sexta-feira, 05.

O agrônomo lembrou do quadrante que usa para esclarecer para o pecuarista em que nível de degradação sua pastagem está e até que grau de comprometimento é possível lançar mão da recuperação ao invés da reforma.

Relembre a fórmula no link a seguir:

Como saber se minha pastagem está degradando?

“Eu estou falando para você se preocupar principalmente com o amarelo 2 e o amarelo 3 (ver quadro acima). Lembra lá do diagnóstico, quando nós mostramos para você o verde 1, o amarelo 2, o amarelo 3 e o vermelho 4? Pois é, a recuperação se atém principalmente ao amarelo 2 e ao amarelo 3. O que é amarelo? É pasto que está em degradação. E também podemos fazer a recuperação no vermelho 4 se você tiver uma situação muito ruim, muito inclinada onde a reforma de pastagem fica comprometida”, ponderou.

Wagner simplificou a decisão sobre o que é melhor para a propriedade. De acordo com o agrônomo, sempre que ainda for possível recuperar o pasto, o produtor deve apostar neste manejo ao invés da reforma completa.

“O custo da recuperação é e sempre será 50% do custo da reforma. E olhe lá se não for menos! Então economicamente é muito mais importante que você faça a recuperação e não deixar o seu pasto se degradar a ponto de ter que fazer a reforma”, argumentou.

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“Quer outro ponto importante? O risco climático”, continuou. “Quando você submete uma pastagem à reforma, você destrói aquela área e faz tudo novamente. Mas quem garante que aquele ano vai ser bom de chuva? Quem garante que você vai ter uma boa formação, e não uma frustração? Isso pode facilmente acontecer. Já na recuperação, não. Na recuperação você vai trabalhando, fortalecendo, melhorando e acabando com os espaços vazios e o pasto vai voltando. E se for um ano ruim de chuva, nada se perde”, justificou.

O especialista falou também sobre o período mais curto de espera até que o pecuarista possa voltar com o gado sobre a área, retomando finalmente o pastejo. “O retorno do gado na pastagem recuperada é muito mais rápido do que o retorno na reforma. Veja bem, você começa a trabalhar com o pasto dois meses antes do plantio. Depois vem mais 60 dias, nisso já vai para quatro meses. Se bobear, são cinco meses que você fica sem gado pastejando naquele piquete. Já na recuperação, você dá um descanso, às vezes, de 30 ou 40 dias e já é o suficiente e o pasto se recupera”, alegou.

Entretanto, o agrônomo relatou um ponto fraco da recuperação. “A recuperação não permite troca de capim. Esse é um ponto negativo. A reforma, sim, permite que você melhore”, salientou.

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NA HORA DE TOMAR A DECISÃO

O que eu recomendo a você? Vamos focar principalmente na recuperação. Lá na frente, quando tudo estiver arrumado, nós podemos até nos sujeitar a eliminar um pasto e trocar a gramínea desse pasto com a reforma”, sugeriu.

“A melhoria da fertilidade pode ser realizada em etapas, principalmente a fosfatagem, que eu falei para vocês que é muito importante para o pasto. Então nós podemos sair de um nível quase zero e ir a cada dois anos fazendo um aporte de fertilizante, dando um ‘golinho’ de fertilizante para aquela pastagem. E gradativamente ela vai melhorando”, completou.

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“Percebam que vocês têm uma alternativa de baixo risco e de custo menor para você trabalhar. Basta você implementar ela antes que a vaca vá para o brejo e você fique sem pasto. Pecuarista, vamos ficar atentos, vamos fazer o oitavo passo. Vamos fazer recuperação na nossa fazenda. Devemos sempre procurar iniciar pela recuperação”, concluiu.

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Confira o episódio completo da série especial de Wagner Pires no player na sequência:

Foto: Gustavo Bayma / Reprodução Embrapa