A rebrota do MG12 Paredão está demorando. Qual pode ser o problema?

Pecuarista confirmou que fez análise e correção de solo e usou sementes incrustradas no plantio, mas o capim demorou a crescer depois do primeiro pastejo

O pecuarista Fernando Henrique Souza, de Presidente Prudente, interior de São Paulo, disse que fez tudo conforme o figurino para o plantio de seu piquete com capim MG12 Paredão, uma cultivar de Panicum maximum: passou pela análise de solo, correção, boa semeadura, uso de sementes incrustadas, o que levou a uma brotação regular da gramínea. Entretanto, depois do primeiro pastejo do gado, a rebrota está demorando. Por isso ele enviou sua dúvida ao Giro do Boi, buscando saber quais as possíveis causas e como corrigir a situação.

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Quem atendeu o produtor no quadro Giro do Boi Responde foi o engenheiro agrônomo Wagner Pires, pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP e consultor do Circuito da Pecuária.

“O MG12 Paredão é uma gramínea que não tem entre suas características a de ser uma planta alta. Muito pelo contrário. Ela é uma planta com pouco talo e mais folha. O talo vai se formar com o tempo. Mas isso não é desejável. O que é desejável é folha. Essa é uma característica muito positiva do MG-12. O manejo dele é mais fácil e é de melhor qualidade. E ele tem também uma outra característica interessante, que está indo na contramão do que você está me falando – o crescimento dele após o pastejo é rápido. É uma gramínea que se diferencia muito no mercado porque oferece mais pastejos do que o Mombaça, por exemplo. Então é uma gramínea de excelente qualidade”, apresentou o especialista em pastagens.

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“Se isso não está acontecendo, você deve estar com algum problema no seu solo, na sua área. Você falou para mim que fez as devidas correções, fez a análise, agiu corretamente e fez as correções do seu solo. Então uma coisa que talvez possa originar este problema seria uma compactação do solo, que não permitiu um bom desenvolvimento radicular da gramínea”, sugeriu Pires.

“Seria interessante você abrir uma trincheira, abra um buraco pelo qual você possa ver o perfil do solo e aí, com um canivete, você vai avaliando como é que está a penetração do canivete na terra com cinco centímetros, com 10 centímetros, com 15, 20, 30 centímetros e vá avaliando. Se você perceber que, à medida que você vai se aprofundando, o solo está ficando muito compactado, isso aí é um problema. Então é importante que você avalie este ponto”, apontou.

Pires indicou a solução caso o pecuarista encontre esta situação indesejável. “Se ocorrer isso, como fazer para resolver? Use subsolador, um escarificador de solo para pastagem, que tem um disco na frente para cortar soqueiras. Ele ajudaria muito agora no período das águas. Ele ajuda a cortar. Existe um implemento muito bom chamado Aeromix, que é um rolo cheio de facas que vão perfurar o seu solo e ajudar também na quebra da compactação. Mas somente se essa compactação existir”, reforçou.

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Pires também apontou outra possível solução para o produtor: oferecer um nutriente para a sua planta que ajudará na formação de raízes. “Pode usar o nitrogênio, uma cobertura de nitrogênio, que é um elemento bastante saudável para gerar enraizamento da planta e tirá-la desse estresse em que às vezes ela se encontra. Então com uma dosagem de nitrogênio, você fazer uma cobertura ou até via foliar, e isso ajuda a planta a crescer”, acrescentou.

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O agrônomo deu ainda uma dica de pastejo. “Depois que a planta entrar numa altura maior e tiver um porte melhor, você vai, principalmente nesse primeiro ano, procurando fazer um manejo mais delicado, deixando o gado somente comer as pontas e deixar que o pasto rebrote. E a planta vai se estruturando e estruturando seu sistema radicular”, concluiu.

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Se você tiver dúvidas a respeito de manejo de pastagens, envie sua pergunta para o especialista no link do Whatsapp do Giro do Boi, pelo número (11) 9 5637 6922 ou ainda pelo e-mail [email protected].

Veja a resposta completa no vídeo a seguir:

Foto: Reprodução / Circuito da Pecuária